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quarta-feira, 18 de março de 2020

The Haunted Place | O Vale Assombrado

Edgar Allan Poe | Robert de Brose


In the greenest of our valleys
By good angels tenanted,
Once a fair and stately palace —
Radiant palace — reared its head.
5 In the monarch Thought’s dominion,
It stood there!
Never seraph spread a pinion
Over fabric half so fair!

Banners yellow, glorious, golden,
10 On its roof did float and flow
(This — all this — was in the olden
Time long ago)
And every gentle air that dallied,
In that sweet day,
15 Along the ramparts plumed and pallid,
A wingèd odor went away.

Wanderers in that happy valley,
Through two luminous windows, saw
Spirits moving musically
20 To a lute’s well-tunèd law,
Round about a throne where, sitting,
Porphyrogene!
In state his glory well befitting,
The ruler of the realm was seen.

25 And all with pearl and ruby glowing
Was the fair palace door,
Through which came flowing, flowing, flowing
And sparkling evermore,
A troop of Echoes, whose sweet duty
30 Was but to sing,
In voices of surpassing beauty,
The wit and wisdom of their king.

But evil things, in robes of sorrow,
Assailed the monarch’s high estate;
35 (Ah, let us mourn! — for never morrow
Shall dawn upon him, desolate!)
And round about his home the glory
That blushed and bloomed
Is but a dim-remembered story
40 Of the old time entombed.

And travellers, now, within that valley,
Through the red-litten windows see
Vast forms that move fantastically
To a discordant melody;
45 While, like a ghastly rapid river,
Through the pale door
A hideous throng rush out forever,
And laugh — but smile no more.



No mais verde em nossos campos
por bons anjos habitado,
um palácio outrora santo —
radiante — fora assentado.
5 No império do Pensamento,
lá se erguia!
Serafim tão belo assento
com as asas não cobriria!

Áureas flâmulas, brilhantes,
10 no teto ruflavam em paz
(Isso tudo fora dantes,
tempos já atrás).
E cada brisa que soprava,
naqueles doces dias,
15 pela pálida balaustrada,
um odor alado espargia.

Peregrinos que ali passavam,
Por duas janelas luminosas
Viam espíritos que dançavam
20 a uma flauta harmoniosa,
em torno ao trono que ocupava
Porfirogênio!
E a glória que lhe acordava
como guia daquel reino.

25 Com perlas e os rubis mais lindos
engastado era o portão
pelo qual vinham fluindo, fluindo
em eterna procissão
um brilho de Ecos a quem cantar
30 era de lei,
com vozes de beleza sem par,
a astúcia e a graça de seu rei.

Mas coisas ruins e mui sombrias
assediaram do rei o alto estado
35 (Pranteemos! — pois nunca o dia
raiar-lhe-á, ó desolado!)
E em volta a casa, a antiga glória
de antão florida,
é só uma má lembrada estória
40 pelo tempo esmorecida.

Ora no vale os viajantes
à luz rubra podem ver
formas vastas, bruxeleantes,
que se movem sem querer;
45
Enquanto, tal rio lugente,
pelo portão corre dali
tétrica horde eternamente,
que gargalha — e não sorri.
Max Ernst, La Horde (1927)

Fonte: Poets of the English Language (Viking Press, 1950) - Poetry Foundation

Edições

vv. 7-8 [Serafim tão belo assento | às suas asas não teria - mar 2020] | v. 12 [éons já faz].
v. 43 [tremulantes - abril 2023]
v. 48 [e já não ri - abril 2023]