segunda-feira, 26 de julho de 2021

Materialien zu einer Kritik der bekanntesten Gedichtform italienischen Ursprungs |
Materiais para uma crítica da mais famosa forma poética italiana

 Robert Gernhardt | Robert de Brose

Sonette find ich sowas von beschissen,

so eng, rigide, irgendwie nicht gut;

es macht mich ehrlich richtig krank zu wissen,

daß wer Sonette schreibt. Daß wer den Mut

 

hat, heute noch so'n dumpfen Scheiß zu bauen;

allein der Fakt, daß so ein Typ das tut,

kann mir in echt den ganzen Tag versauen.

Ich hab da eine Sperre. Und die Wut

 

darüber, daß so'n abgefuckter Kacker

mich mittels seiner Wichserein blockiert,

schafft in mir Aggressionen auf den Macker.

 

Ich tick nicht, was das Arschloch motiviert.

Ich tick es echt nicht. Und wills echt nicht wissen:

Ich find Sonette unheimlich beschissen.

Sonetos, para mim, são, tipo, caguei,

tão rijos, apertados, tem algo ruim,

e me deixa até doente quando eu sei

que se escrevam sonetos, que, enfim,

 

hoje ainda se componha essa merda.

Só o fato de saber que um cara o faz,

honestamente, o dia inteiro me azeda.

É um troço que me trava, e tem mais:

 

a raiva que me dá, que um cagão fodido,

me deixe, com essa punhetagem, bloqueado

me incita à  agressão contra o indivíduo.

 

Não entendo o que motiva o arrombado.

Realmente, não sei, nem quero ter ideia.

Sonetos me dão é uma incrível diarreia.

 

 

 

FONTE: Lyrikline.org, na página, há uma versão em áudio do poema lido pelo autor.

NOTAS:

Robert Gernhardt
Robert Gernhardt, nascido em Reval/Estônia em 1937, estudou pintura em Stuttgart e 


Berlim, mais tarde também língua e literatura alemã na FU Berlim. A partir de, 1964 viveu em Frankfurt am Main como escritor freelance, pintor, desenhista, caricaturista e crítico. Em 1965, casou-se com o pintor Almut Ullrich, que morreu em 1989. Em 1990, Gernhardt celebrou um segundo casamento com Almut Gehebe.

Gernhardt foi editor da revista satírica "Pardon" e co-fundador da coluna "Welt im Spiegel", que teve uma influência considerável na literatura humorística recente na Alemanha. Em 1979, junto com Eckhard Henscheid, F.W. Bernstein, F.K. Waechter e outros, ele fundou a "Neue Frankfurter Schule", cujo órgão de publicação tornou-se a lendária revista satírica "Titanic".

Nos anos 80, Gernhardt foi co-autor de vários espetáculos do comediante Otto Waalkes junto com Bernd Eilert e Peter Knorr. Ele também publicou livros "Otto" e esteve envolvido no roteiro de quatro filmes "Otto".

Foi somente no final - no decorrer dos anos 90 - que Gernhardt foi cada vez mais reconhecido pelos críticos como um importante letrista. Ao morrer, ele foi considerado um dos mais importantes poetas contemporâneos da língua alemã. Seu trabalho havia se desenvolvido a partir dos versos sem sentido e formas predominantemente humorísticas dos anos 60 e 70 para uma poesia lírica versátil, que Gernhardt constantemente expandiu com novos tons até o final.

Gernhardt sucumbiu a uma prolongada doença de câncer de cólon em 30 de junho de 2006 em Frankfurt am Main. Antes de sua morte, porém, ele foi capaz de completar seu último volume de poesia, "Später Spagat", e prepará-lo para a impressão.

(Fonte: Lyrikline.org, trad. Robert de Brose)

domingo, 25 de julho de 2021

Εμβατήριο πένθιμο και κατακόρυφο | Marcha Fúnebre e Vertical

 

Κώστας Καρυοτάκης

 

Στο ταβάνι βλέπω τους γύψους.

Μαίανδροι στο χορό τους με τραβάνε.

Η ευτυχία μου, σκέπτομαι, θα ’ναι

ζήτημα ύψους.

 

Σύμβολα ζωής υπερτέρας,

ρόδα αναλλοίωτα, μετουσιωμένα,

λευκές άκανθες ολόγυρα σ’ ένα

Αμάλθειο κέρας.

 

(Ταπεινή τέχνη χωρίς ύφος,

πόσο αργά δέχομαι το δίδαγμα σου!)

Όνειρο ανάγλυφο, θα ’ρθώ κοντά σου

κατακορύφως.

 

Οι ορίζοντες θα μ’ έχουν πνίξει.

Σ’ όλα τα κλίματα, σ’ όλα τα πλάτη,

αγώνες για το ψωμί και το αλάτι,

έρωτες, πλήξη.

 

Α! πρέπει τώρα να φορέσω

τ’ ωραίο εκείνο γύψινο στεφάνι.

Έτσι, με πλαίσιο γύρω το ταβάνι,

πολύ θ’ αρέσω.

 

Robert de Brose, trad.

 

Contemplo, na sanca, as figuras.

Seus meandros me puxam para lá.

Minha felicidade, acredito, estará,

na busca das alturas.

 

De mais alta vida, são a ideia,

rosas imutáveis, sublimadas,

alvos acantos na orla trabalhada

do chifre de Amalteia.

 

(Arte singela, de estilo ausente

quão tarde tua lição eu compreendi!)

Sonho anaglifado, irei, pra junto a ti ,

verticalmente.

 

Os horizontes teriam me afogado.

Em todo clima, em toda região

disputas pelo sal e pelo pão

amores, enfado.

 

Ah, já chega a hora de portar

de gesso, bela essa guirlanda

E assim, emoldurado pela sanca,

vão me adorar.

 

 

Κώστας Καρυοτάκης, 1896-1928