In der Mandel – was steht in der Mandel? Das Nichts. Es steht das Nichts in der Mandel. Da steht es und steht. 5 Im Nichts – wer steht da? Der Koenig. Da steht der Koenig, der Koenig. Da steht er und steht. Judenlocke, wirst nicht grau. Und dein Aug – wohin steht dein Auge? 10 Dein Aug steht der Mandel entgegen. Dein Aug, dem Nichts stehts entgegen. Es steht zum Koenig. So steht es und steht. Menschenlocke, wirst nicht grau. 15 Leere Mandel, koenigsblau. | Na amêndoa – o que fica na amêndoa? O Nada. Na amêndoa fica o Nada. La ele fica, ele fica. 5 No nada – quem fica lá? O Rei. Lá fica o Rei, o Rei. Lá ele fica, ele fica. Cacho judeu, gris não te verei. E teu olho – onde fica teu olho? 10 Teu olho fica à amêndoa oposto. Teu olho fica ao Nada contraposto. Ele fica face ao Rei. Lá ele fica, ele fica. Cacho humano, gris não te verei. 15 Oca amêndoa, azul-do-rei. |
Notas:
1. Mandorla: Palavra italiana que significa "amêndoa", mas também, e sobretudo, a auréola (vesica piscis) que circunda o ícone de Cristo. A mandorla separa o mundo sublunar do divino como se fosse um parêntese aberto na realidade.
2. Das Nichts: Em algumas representações apofáticas de Cristo e do divino, sobretudo ortodoxas, a mandorla apresenta-se ou completamente negra, ou com um núcleo negro circundado por anéis cada vez mais escuros de fora para dentro. O que jaz no centro é um mistério indescritível, visto pelos olhos mortais como um Nada, de forma análoga ao horizonte de eventos de um buraco negro.
3. Da steht es und steht: Há um jogo, em todo o poema, sobre os diversos matizes de signigicado do verbo stehen. Por exemplo, o primeiro verso poderia ser lido como: "Na amêndoa – o que está inscrito na amêndoa?". No entanto, no v. 4, usado intransitivamente, stehen denota a permanência das coisas que existem fora do tempo, i.e., que são transcendentes, que "estão" e "ficam" no mesmo estado, imutáveis ad aeternum. Já nos vv. 9-12, stehen serve para indicar (o)posição (wohin/ entgegenstehen) ou (com)posição (stehen zu).
4. koenigsblau: azul-real, um tom escuro de azul, associado com o centro negro da mandorla, o Ayn-Sof, ou o inefável. Foi preciso adaptar os vv. 8 e 14 para manter a rima final. Cf. uma passagem semelhante em T. S. Eliot, Ash Wednesday, "In blue of larkspur, blue of Mary's colour,| Sovegna vos".
Edições:
4 Outubro 2018: vv. 1, 9, 10 "está" [fica] | v. 3 "Na amêndoa fica o Nada" [O Nada está na amêndoa] | vv. 4, 7, 13 "lá ele fica, ele fica" [lá ele está, e está] | v. 5 "quem fica lá" [quem lá está] | v. 6 "Lá fica o Rei, o Rei" [Lá está o Rei, o Rei] | v. 9 "onde" [aonde] | v. 11 "Teu olho fica ao Nada contraposto" [Teu olho ao Nada está contraposto] | v. 12 "Ele fica face ao Rei" [ele está para o Rei]
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